Viajar por Jerash na Jordânia
Jordânia

Amã & Jerash: os romanos andaram a fazer das suas

Amã passa despercebida. Apesar de ser a capital da Jordânia, tem fama (um pouco injusta, diga-se de passagem) de “não ter nada para ver”. Percebo que a Jordânia tenha muitos outros encantos mais dignos da atenção de um viajante, mas eu sou uma mulher que adora cidades e acho que é nelas onde se encontra muito da essência de um país.

Naquele que é provavelmente o país mais turístico do Médio Oriente, Amã é um pequeno refúgio sem tours de camelo ou bancas “tudo a 1€”. Esta é uma cidade com uma história muito antiga e uma história muito recente. No meio não há nada.


Muito antiga, porque os Romanos engraçaram com a cidade, na altura chamada Filadélfia, e redesenharam-na ao seu estilo quando absorveram o Império Egípcio. O declínio do Império Romano levou também ao declínio de Amã, que só voltou para as luzes da ribalta no início do século XX, quando se tornou numa paragem da rota de peregrinação entre Damascus e Meca.

Em poucas décadas Amã passou de uma cidade com uma dúzia de casas e muito pó, para uma quase metrópole com arranha-céus e quatro milhões de habitantes.

Se visitares Amã há quatro coisas que não podes deixar de fazer!

“Free Walking Tour”

É fácil passear por Amã sem repararmos nos bocados de história que se escondem por entre ruas estreitas, cimento e asfalto. Como menciono em quase todos os posts que escrevo, procuro sempre por uma “free walking tour” para conhecer melhor a cidade. Desta vez, não encontrei exactamente o mesmo conceito Europeu, mas encontrei algo que despertou a minha curiosidade.


Numa manhã cinzenta fomos até ao hotel Pasha Hotel e encontrámos o Mohammed, um guia não oficial, nativo de Amã que testemunhou a transformação da cidade nos últimos cinquenta anos. Como em todas as “free tours” o Mohammed trabalha a troco de gorjetas de turistas e durante duas ou três horas levou-nos pelas partes mais antigas da cidade, desde os vestígios romanos aos souks, os mercados onde os locais fazem as suas compras.

Foi esta tour que me fez gostar tanto de Amã e que me faz recomendar passar pelo menos um dia a explorá-la!

Teatro Romano

O mais impressionante resquício da presença romana em Amã. Incluído no Jordan Pass, este teatro construído no segundo século tinha a capacidade para seis mil pessoas. O trabalho de restauração não foi 100% fiel ao original, mas não deixa de ser um lugar impressionante para se visitar.



Cidadela

A Cidadela fica na colina mais alta de Amã e os taxistas aproveitam-se bem desse facto dizendo aos turistas que é uma canseira chegar lá a cima. Ora, estes taxistas não conhecem Lisboa, nem sabem a quantidade de vezes que já tive de subir a pique dos Restauradores ao Bairro Alto e, por isso, não nos convenceram.

Foi uma sorte, porque no caminho até lá, passámos pela rua com o meu mural preferido e tudo!


A Cidadela em si, é um mundo de relíquias do passado. Conta com duas colunas originais do Templo de Hércules ainda erectas e com o complexo real do palácio Umayyad (uma civilização Árabe do século VI). A vista também não é nada de se deitar fora!

O melhor falafel da Jordânia

A comida na Jordânia não é nada má, mas surpreendentemente os restaurantes também não são nada baratos, especialmente se não souberes onde procurar. Em Amã recomendaram-nos o Hashem, que é uma instituição do Falafel. Aconselho a ir cedo, nós fomos ao pequeno-almoço e adorámos. Sem filas nem espera, comemos o melhor falafel de húmus da viagem. Pode parecer estranho como escolha de pequeno-almoço, mas depois de uma semana na Jordânia é a coisa mais normal do mundo. E claro, super barato!


Bónus: O melhor hostel da Jordânia

O Nomads é o lugar ideal para conhecer pessoas com quem viajar. Nós ficámos só uma noite, mas conhecemos logo um espanhol e um porto ricanho com quem partilhamos um jantar e uma óptima conversa num rooftop bar. O staff também é cinco estrelas e pode ajudar-te a organisar transporte se não tiveres um carro. Cinco estrelas!

Jerash e os seus belos calhaus

Se Amã é um lugar que não está na lista de todos os viajantes de Jordânia, Jerash, por outro lado, é um dos sítios mais famosos do país e até da região. Para além de ser enorme, está tão bem preservado que é impossível não começarmos a imaginar como se vivia ali no tempo dos Romanos.

Em Jerash vais encontrar colunas sem fim, estradas, praças, teatros, arcos, templos, igrejas e sabe Zeus que mais. Um verdadeiro banquete para todos os amantes de história e não só.


Tal como em Amã, a transição do comércio terrestre para o marinho levou ao abandono e esquecimento desta cidade que só voltou a ser um centro populacional na posterioridade. Contudo, a riqueza histórica de Jerash é indescritível e se quiseres aprender um pouco mais sobre este lugar aconselho-te a dar um olhinho no YouTube.


Como podes ver, este foi só o nosso primeiro dia na Jordânia e não parámos de ver coisas incríveis! Os dias que se seguiram foram igualmente memoráveis.

Dicas rápidas

Restaurantes: Para além do Hashem, recomendo o AlQuds Restaurant, mas só se gostares de carne. É um óptimo restaurante para provar cozinha tradicional da Jordânia, aviso já que não é muito light! Se puderes, leva um piquenique contigo para Jerash, os restaurantes lá são muito turísticos e os preços pouco simpáticos.

Transporte Aeroporto – Amã: O centro de Amã faz-se muito bem a pé e um Uber para o aeroporto não te deve custar mais de 12€. Como alugámos um carro fizemos todas a deslocações desta forma, mas também há autocarros do aeroporto até ao centro.

Transporte Amã – Jerash: A viagem de carro de Amã até Jerash dura cerca de uma hora. Também é possível fazer o trajecto de autocarro, mas vais precisar de uma dia inteiro para visitar a cidade das colunas. Há autocarros sempre a sair da estação de Tabarbour. Os transportes públicos são muito baratos na Jordânia. Pede ao motorista para te deixar perto da Hadrian Gate.

Para voltar a Amã, há uma estação pequena de autocarros 300 metros a sul das ruínas, podes sempre perguntar aos seguranças ou às pessoas no posto turístico.

Alfacinha germinada e cultivada num cantinho à beira mar plantado, a Inês tem uma certa inquietação que não a deixa ficar muito tempo tempo no mesmo sítio. Fez Erasmus em Paris, trabalhou em Istambul e em Portugal, fez um mestrado em Creative Advertising em Milão e agora trabalha no Reino Unido. Viajar, criatividade, cozinhar, dançar e ler são algumas das suas paixões. A combinação de algumas delas deu origem a este blog, o Mudanças Constantes. Bem-vindos!

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