Sou uma fã incondicional de viajar “on a budget”, ou seja, com um orçamento reduzido. Não só te dá a possibilidade de viajar mais frequentemente e esticar o dinheiro que tens para dedicar às viagens como te proporciona experiências culturais muito mais autênticas e marcantes.
Ao longo dos anos fui aprimorando técnicas para viajar com pouco dinheiro. Tudo depende da forma como queres viajar, quanto tempo tens disponível e do nível de conforto que estás disposto/a a abdicar.
Estas são as minhas dicas para quem é “rico em sonhos, mas pobre, pobre em ouro”.
Viajar com tempo
O tempo é o factor mais decisivo no custo de uma viagem. Ter tempo permite-nos optar por voos com escalas ou até esquecer os aviões e viajar de autocarro e comboio ou mesmo de bicicleta e a pé. Podes optar por acampar ou por trabalhar nos países onde estás a troco de alojamento e comida.
Viajar com tempo não é só bom para a carteira, o tipo de experiência que vais viver será, culturalmente, muito mais rica do que uma viagem “toque e foge”.
Viagens independentes vs. Viagens de agência
É sempre mais barato viajar de forma independente do que recorrer a uma agência. Já tendo trabalhado em agências turísticas sei as comissões que põem em cima de tudo o que vendem.
Por isso, organiza a tua própria viagem e tenta usar agências ou operadores turísticos só quando não tiveres outra opção. Durante as minhas viagens já optei muitas vezes por agências locais porque há lugares que só são acessíveis com transporte próprio, mas pouco mais que isso. Claro que uma pessoa não pode viajar de forma independente em lugares como a Antártida e as profundezas da selva Amazónica, mas a maioria dos destinos são bastante acessíveis.
Se não tens muita experiência em planear viagens, lê este post com os 10 passos para planeares a viagem da tua vida. Vais ver que é mais fácil do que parece e nem tudo tem que ser planeado! Se queres começar a viajar sozinho/a e de forma independente, este e-book é para ti!
Conforto não é prioridade
A maioria dos meus amigos considera-me uma viajante de muito baixo custo, mas é por que claramente lhes falta conhecer aquelas pessoas que conseguem esticar um orçamento de 500€ durante dois ou três meses de viagem.
Viajar com um orçamento reduzido significa esquecer hotéis, restaurantes e tentar ser o mais frugal possível. O conceito de conforto varia muito de pessoa para pessoa, para mim, ter um duche de água quente (mesmo que partilhado) e uma cama já é um luxo!
Se queres viajar com pouco dinheiro adapta as tuas expectativas e foca-te naquilo que é realmente importante: viver a vida.
Reduz os custos nas deslocações
Voos
- A palavra-chave é flexibilidade (mais uma das vantagens de viajar com tempo). Viajar fora dos fins de semana, feriados e férias escolares fica sempre mais barato.
- Uma das coisas que me chateiam mais sobre ter medo de andar de avião é tentar evitar escalas. As escalas baixam muito o preço dos voos, mas por razões obvias aumentam o tempo da viagem em si.
- Usa sites como o Skyscaner para pesquisar os teus voos e não te esqueças de verificar outros aeroportos perto do teu.
Transportes
- É muito raro o sítio que não tenha transportes públicos. Podem não ser regulares e não haver muita informação online, mas existem! Por isso, esquece os transfers privados, fala com as pessoas locais e descobre como é que elas se deslocam.
- Informa-te sobre as apps de transporte no teu destino. Uber, Grab, Lyft, etc podem ter um bom rácio de custo-benefício, especialmente no Médio Oriente e Sudeste Asiático. Lê este post sobre as melhores apps para te ajudar a viajar.
- Para os mais corajosos, andar à boleia é a opção mais barata para te deslocares (sem ser a pé e de bicicleta, claro). Pessoalmente ainda não me sinto muito confortável com apanhar boleias, especialmente por que viajo muitas vezes sozinha, mas há muita gente a fazê-lo com sucesso. O site Hitchwiki tem muita informação útil sobre apanhar boleias, incluindo os melhores sítios para o fazer em cada cidade.
- Encontra grupos de Facebook para viajantes independentes para a região/país que pretendes visitar. Na Austrália e Nova Zelândia, por exemplo, é a melhor maneira de encontrar transporte para lugares onde os autocarros não chegam e explorar de país de uma forma independente, mas barata.
Dorme por pouco ou nada
- Comecemos pelo mais básico: trocar hotéis por hostels ou por alojamentos locais mais baratos como guesthouses. Ambos podem ter condições muito boas, só precisas de prestar atenção às reviews que te dirão se é um lugar limpo, com boas condições e bom staff.
- Alojamento grátis: Couchsurfing, BeWelcome, TrustRoots e Warm Showers (só para ciclistas) são várias plataformas onde podes dormir em casa de outras pessoas em troca de uma boa conversa. Podes encontrar mais sobre como o Couchsurfing funciona neste post.
- Mais uma vez, se tiveres tempo, podes ir trabalhando ao longo da tua viagem em troca de alojamento e comida. Há oportunidades em hostels, resorts sustentáveis, escolas de inglês, quintas, etc. Posso recomendar o Workaway (que já usei) e outras plataformas como o WWOOF, HelpX e Volunteerbase. Podes ler mais sobre a minha experiência de Workaway no Japão aqui.
- Podes tornar-te num/numa “house sitter” e ficar a tomar conta da casa (e dos animais) de outras pessoas. Alojamento gratuito sem muito trabalho!
- Andar com uma tenda às costas de um lado para o outro dá-te muita flexibilidade e é bastante barato. Tanto de carro, como de bicicleta o campismo selvagem ou mesmo em parques de campismo são opções bastante económicas.
Refeições baratas e actividades grátis
- Ao viajar pelo “Western World” não há nada como cozinharmos as nossas próprias refeições. Os restaurantes são caros e três refeições por dia rapidamente se tornam num valor significativo. Fica em alojamentos com cozinhas e toca a cozinhar!
- No resto do mundo a comida de rua, a street food, é uma opção fantástica. As banquinhas com mais gente e que cozinham com lume alto têm uma grande probabilidade de não te darem uma gastroenterite e as pessoas locais lá vão é porque é bom!
- É sempre útil pesquisar actividades gratuitas nos sítios que visitas. Costumo fazer as “Free Walking Tours” onde podes pagar o que quiseres ao guia e recebes três ou mais horas de informação sobre o sítio onde estás. Dependendo da tua idade, também podes ter a sorte de conseguir entrar gratuitamente em museus (em França só se paga a partir dos 26, por exemplo).
Como vês, tudo é possível com vontade, tempo e (algum) dinheiro.