Lembro-me que o fim de semana de Halloween de 2020 foi o último em liberdade moderada. Celebrámos com um jantar em nossa casa que teve um travo agridoce; não sabíamos bem quando é que poderíamos voltar a repetir tal “ajuntamento”. Ainda hoje não sabemos.
Tentando fazer omeletes sem ovos durante o novo confinamento, arrastei o meu namorado por estas Midlands – região onde moramos – adentro e tentámos correr tudo o que havia para ver nas redondezas. Se alguma vez te encontrares nesta parte do país, estes são alguns dos lugares que podes (e deves!) incluir na tua lista.
Cambridge, a cidade do conhecimento
Cambridge é um dos meus lugares preferidos em Inglaterra. É a cidade onde se formaram algumas das mentes mais brilhantes do mundo e também o lugar perfeito para uma day trip. A primeira vez que visitei Cambridge descobri que uma das actividades mais famosas para se fazer é punting. Punting envolve enfiarmo-nos num barco guiado por um estudante da universidade que nos relata a sua história enquanto navegamos pelos canais que atravessam várias faculdades, cada uma mais bonita que a outra.
Como na primeira vez que visitei Cambridge não tinha dinheiro para o punting e na segunda não tinha tempo, há um terceiro passeio a Cambridge marcado para um futuro pós pandémico. É uma cidade com muito mais para se descobrir do que aparenta!
Bury St Edmunds, a jóia na coroa de Suffolk
Há lugares aos quais só se vai por acaso e Bury St Edmunds é um desses casos. Situada entre Cambridge e Lavenham, Bury St Edmunds surgiu no meu telemóvel como a oportunidade perfeita para parar um bocadinho e esticar as pernas. Nas placas que anunciam na estrada que estamos oficialmente em Bury St Edmunds encontrava-se também a frase “ The Jewel in the Crown Of Suffolk”. Promissor.
Estacionámos, vimos uma torre de uma igreja e dirigimo-nos para lá. No caminho começámos a duvidar se esta seria mesmo a jóia de Suffolk, já que à nossa volta só viamos casas banais e a igreja também era “só mais uma”. Tinhamos andado na direcção errada.
Eventualmente lá encontrámos o caminho certo e descobrimos uma vila mercantil com uma catedral de quinhentos anos e ruínas de uma abadia milenar. Nas ruas mais perto do centro histórico ainda se vêem muitos edifícios antigos incluindo o espectacular The Angel Hotel onde até o Charles Dickens dormiu! Há também um simpático mercado de rua às quartas e sábados.
Uma paragem aleatória que se transformou numa agradável surpresa.
Lavenham, um passeio medieval
Lavenham tem de ser um dos segredos mais bem guardados do Reino Unido. É um daqueles lugares que surge do nada no feed do Instagram e nos faz questionar “como é que eu não sabia que isto existe?!”.
Lavenham é um exemplo quase intocado de uma aldeia mercantil cujo principal bem comercializado era a lã. Esta aldeia, que já foi uma das mais abastadas do Reino Unido durante o tempo dos Tudors, é caracterizada pelos seus icónicos prédios medievais.
Aqui, cada esquina é uma oportunidade fotográfica e torna-se repetitivo a quantidade de vezes que se diz “tão giro!” ou “olha aquela!”
Nós almoçámos no Lavenham Greyhound e achámos o pub super acolhedor. Pode ser que ainda exista num mundo pós covid.
Stoke Bruerne, a vila do canal
Com a lista de lugares que podemos visitar cada vez mais reduzida resta-nos a vizinhança. Stoke Bruerne é mais uma tradicional aldeia inglesa que se destaca pela sua posição junto ao Grand Union Canal – um canal que começa em Londres e já só pára em Birmingham, estendendo-se por 220 quilómetros – e até tem um Museu do Canal.
Pode não ser o lugar mais emblemático de Inglaterra mas tem o seu charme e é um daqueles lugares em que nos basta um pub (The Boat Inn) e uma cerveja na mão para sermos felizes. Também tem várias casinhas com telhados de palha que são um regalo para a vista.
Ampthill, umas ruínas curiosas
Já num post anterior tinha mencionado o site AllTrails. Este site é uma compilação de caminhadas feitas por outros utilizadores e permite-te passar a conhecer imensos lugares novos. Um desses lugares é a Houghton House, uma mansão do século XVII em ruínas no topo de uma colina.
Fotos tiradas com uma aplicação de telemóvel daí as cores “alternativas”
Como adoro edifícios em ruínas e imaginar o seu passado (as festas de arromba que esta casa não deve ter visto!) não podia ter ficado mais contente com esta descoberta. Ampthill em si, a vila mais próxima, também foi uma agradável surpresa que merecerá certamente uma nova visita quando os pubs e restaurantes re-abrirem!
Warwick, o imponente castelo
Não será de estranhar que para fechar este post venha aí mais uma vila histórica, é o menu do dia. Warwick tem um dos maiores castelos de Inglaterra e uma data de edifícios medievais para juntar à festa.
Começámos pela melhor vista sobre o castelo, numa pequena ponte para carros e pessoas que atravessa o rio Avon, parte de uma estrada com o nome Banbury Road. Na mesma zona, durante os dias de primavera, um dos lugares mais bonitos para visitar em Warwick é o The Mill Garden e a rua que desce até lá é uma das mais características que encontrámos.
Encaminhámo-nos para a St. Mary’s Church e vimos o exterior do The Lord Leycester Hospital que por causa das restrições estava fechado, mas não deixa de ser uma paragem obrigatória. Apesar do nome, este conjunto de edifícios medievais não era um hospital, mas sim um lugar onde as guildas da cidade se reuniam e alojavam os seus. Ao aproximarmo-nos da hora de almoço dirigimo-nos para a Market Square onde encontrámos chamuças e outras bancas com comidinhas boas.
E assim se fecha este capítulo das Midlands que espero que em breve se estenda ao resto do país!