Depois do Irão, parece que já ninguém se dá ao trabalho de questionar as minhas escolhas de destinos de viagem. Mesmo assim, sinto que existem algumas dúvidas não proferidas no ar, por isso seguem-se as minhas explicações.
Há uns anos vi um programa do Anthony Bourdain sobre Beirut, que me abriu os olhos para o quão única esta cidade é. Para além das óbvias maravilhas gastronómicas, parecia um oásis de liberdade e paz no meio de uma das zonas mais conflituosas do mundo. Fiquei com a pulga atrás da orelha e guardei o Líbano como potencial destino de viagem numa gavetinha do meu cérebro e lá ficou quietinho.
No ano passado, na minha turma de mestrado havia um Libanês, o Rodrigue, que fez um óptimo trabalho como embaixador do Líbano e foi tudo o que precisava para finalmente comprar os bilhetes de avião para Beirut.
Ele foi um amor, ajudou-nos com tudo e para além de nos ter levado a imensos sítios também nos apresentou a todos os amigos e família!
Por termos ficado num hotel em Jounieh (perto da casa do meu amigo) decidimos dedicar o nosso primeiro dia às montanhas do Líbano até porque não nos queríamos enfiar no mortífero trânsito de Beirut.
Vai daí, alugámos um carro – sim, é quase suicídio, mas o Jimmy já conduziu em quase todos os países do sudoeste asiático e por isso está vacinado – e partimos pelas montanhas à procura das melhores maravilhas naturais libanesas.
Baatara Gorge Waterfall (Balou’ Bala’a)
Esta queda de água é quase razão suficiente para ir ao Líbano! É uma obra de arte da natureza inspirada no provérbio “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Nos meses de Março e Abril (quando fomos) a cascata está em modo “força total” alimentada pela neve que vai derretendo.
No verão não tem água, mas tem a vantagem de se poder descer até ao fundo de alguma forma. É um lugar absolutamente impressionante e um dos meus sítios preferidos no Líbano!
Dica: se a fome apertar, há uma cabaninha num dos parques de estacionamento que vende coisas boas feitas por uma senhora que não fala nem inglês nem francês. É só gesticular 😉
Preço de entrada: 4000 LBP (2.4€)
Cedars of God (Cedros de Deus)
Por alguma razão o Líbano não quis receber-nos com um tempo exemplar e no primeiro dia nem vimos o sol. Quando chegámos aos Cedros chovia e o percurso que se pode habitualmente fazer pelas árvores milenares estava cheio de neve.
Infelizmente este lugar também marca séculos de desflorestação e exploração (pelos fenícios, egípcios, babilónios, persas, romanos, israelitas e turcos!) e restam agora pouco mais de meia dúzia de cedros, numa floresta que outrora foi rica e abundante.
Os Cedros de Deus são considerados património da UNESCO, fazem parte da bandeira do Líbano e têm esta designação “divina” por serem referidos múltiplas vezes na bíblia.
As estradas do Mout Lebanon
A região do Monte Líbano é muito montanhosa e verde. As estradas, apesar das curvas, não têm muita gente o que torna as coisas um bocadinho mais fáceis do ponto de vista da condução.
Vimos cascatas aos molhos, parámos imensas vezes para tirar fotos e até vimos um carro a arder (ninguém parecia particularmente surpreendido e nem os bombeiros nem a polícia vieram). Tudo pode acontecer nas estradas libanesas!
Jeitta Grotto
Oh meu deus, não estava nada à espera disto! Esqueçam Mira d’Aire e Candeeiros, estas são as grutas mais fascinantes que já vi. Quando andava a pesquisar lugares para visitar no Líbano tinha encontrado estas grutas, mas nunca lhes liguei muito. Contudo, no dia antes de nos irmos embora decidimos finalmente passar por lá e quando vi o preço fiquei com dúvidas se valeria a pena. E se vale!
Como é proibido tirar fotografias (com um nível de segurança digno da Coreia do Norte) não existem muitos registos na internet que demonstrem a magnitude destas grutas, o que só aumenta ainda mais o efeito surpresa.
Roubei aqui umas fotos que encontrei para dar uma ideia, mas o melhor é mesmo ir. Até foram finalistas das novas sete maravilhas naturais!
Preço: 18000 LBP (11€)
Jounieh e Harissa
Jounieh é uma pequena pérola que nunca iria encontrar se não fosse o Rodrigue. Construída montanha acima, é fácil pensar no Rio de Janeiro quando olhamos para Jounieh de longe. Já ao passar pelos seus bairros mais antigos junto ao mar, há uma certa aura de Croácia, com prédios baixinhos feitos em pedra e portas azul-turquesa.
Do lado oposto ao centro de Jounieh, no topo da montanha, fica Harissa e a Notre Dame du Liban, um miradouro-igreja com uma bela vista.
Dica: Fomos a um italiano muito bom mas caroooo!! De qualquer forma, se estiveres à procura de uma refeição romântica à beira mar em Jounieh o Margherita Pizzeria Del Quartiere Dal 1959 é uma boa opção.
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