Aguardava ansiosamente por este dia desde que comecei a planear a minha viagem à Nova Zelândia: andar de helicóptero e caminhar por cima (e por dentro!) de um glaciar!
O dia começou bem cedo com uma caminhada fácil, para variar. Fizemos o percurso à volta do Lago Matheson onde te podes maravilhar com efeito visual de espelho que o lago cria com as montanhas ao fundo. Num dia sem nuvens é possível ver o Mount Cook e o Mount Fox. A caminhada dura cerca de uma hora e o trilho é fácil sem muitas subidas e descidas. Eu fi-lo um bocado à coxa uma vez que as minhas pernas doíam como tudo depois do Roys Peak.
Caminhada concluída, fui deixada no Fox Glacier Guiding para a minha aventura no gelo. Uma coisa que não sabia e que aprendi quando cheguei, é que não há certezas que a tour arranque até meia hora antes do seu suposto começo. Como tive oportunidade de experienciar na minha tour, o tempo nos glaciares pode mudar drasticamente em poucas horas, às vezes até minutos, e para segurança de todos as tours só arrancam se as condições atmosféricas o permitirem.
Por isso, fui fazer tempo da melhor forma que sei: a navegar no Facebook. Por esta altura (13 de Maio em Portugal, 14 de Maio na Nova Zelândia) o meu feed não passava de betos beatos palavras estranhamente parecidas em Fátima, benfiquistas no Marquês e Portugal inteiro em modo Salvador Sobral. Por muito que eu goste do rapaz, duvidava muito que ele ganhasse a Eurovisão, não por causa dele, mas porque nunca ganhámos!!!
Qual não foi o meu espanto quando abro o Facebook e, com as 11 horas de diferença entre Portugal e Nova Zelândia, recebi quase em directo a notícia que tínhamos finalmente ganho a Eurovisão! Foi nesta altura que pensámos que devíamos re-apelidar o nosso carro para Ronaldo Sobral ou Salvador Ronaldo…
Ainda em êxtase e a trautear o Amar Pelos Dois, percebi que finalmente nos chamavam para o Check In e que a minha aventura no gelo ia efectivamente acontecer! Depois do briefing passado a 26 chineses e 4 europeus, metemos as roupinhas quentes: meias, botas e impermeáveis e fomos em grupos de 5 para cada helicóptero.
Eu sou um bocado maricas e não estava nada confiante na capacidade daquela caganita voadora me levar até a um glaciar, mas o que tem de ser tem muita força e lá fui eu! E não foi assim tão mau! Lá dentro é mais estável do que parece e a perspectiva do lugar ao lado do piloto é incrível. Senti-me como uma repórter do National Geographic. Depois de ver tantos documentários em criança finalmente chegara a minha vez!
Aterrámos no glaciar, saímos do helicóptero qual SWAT Team e equipámo-nos mais um bocadinho com crampons (aqueles picos para pôr nos pés) e com bastões de caminhada – só para os chineses que aquilo não dá jeito nenhum!
Já vestidos a rigor começámos a nossa caminhada pelo gelo, e foi inesquecível . Cada vez que o guia apontava para dentro do glaciar e dizia “é por ali” eu pensava “ele está claramente a sobrevalorizar as minhas capacidades de contorção”. Nunca pensei caber em buracos tão pequenos! O azul dos glaciares é de um turquesa lindo e todo o cenário é comparável ao Norte da Muralha do Game of Thrones.
Entretanto as nuvens começaram a invadir o Fox Glacier e tivemos que fazer uma saída rápida porque se não os helicópteros já não podiam passar e íamos ter que dormir num acampamento num glaciar. Como ninguém queria passar a noite num frigorífico a comer comida de latas, apressámo-nos e lá conseguimos sair a tempo.
Este dia ficou-me a cerca de 470 dólares, ou seja, 260€ em Maio de 2017. Sei que não é propriamente barato, mas preferi poupar noutras coisas como comida e alojamento e ter a oportunidade de ter esta experiência. Aconselho a toda a gente! A caminhada em si é bastante fácil, não é preciso nenhum nível de fitness especial e é de facto um dia muito especial.
Dicas rápidas
Alojamento: ficámos no Ivory Towers Backpacker Lodge que tem uma relação qualidade preço bastante boa. Boa cozinha, quartos e casas de banho super limpas.
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