Desfazendo mitos: A ideia que nós, Portugueses, temos da Roménia não é a melhor. Nem nós, nem o resto da Europa. A verdade é que foi formado um cliché à volta das palavras Roménia e Bulgária que remonta para pobreza, ciganos, crime e corrupção. E que como quase todos os clichés que existem sobre os países, está errado. O problema é que quase ninguém se dá ao trabalho de ir saber mais, pesquisar e visitar estes países exactamente pelos preconceitos.
A Roménia é um país espectacular. Diverso, com imensa história, comida deliciosa (com alguns sabores que lembram Portugal) e com pessoas educadíssimas e simpáticas.
O Começo
Havia uma reunião de Erasmus há muito aguardada e foi decidido que a Roménia seria o destino perfeito. E não poderíamos ter escolhido melhor. Deixem-me apresentar-vos a Alexandra (Romena) e a Daniela (Moldava).
Tendo a hospitalidade como um dos valores mais importantes da cultura romena, tal como em todos os países latinos, fomos recebidas de braços abertos por toda a família da Alexandra que nos acolheu em sua casa como se fossemos família. Posso afirmar, comida foi coisa que não faltou!
A viagem
Tínhamos cerca de 7 dias juntas e inúmeros sítios para visitar. E foi assim:
Itinerário:
1º Dia – Castelo Peles & Sibiu: Elevar as expectativas
O primeiro dia foi dedicado ao magnífico Palácio Peles, (que apesar de ter um nome terrível em português, é muito bonito!) e à cidade de Sibiu. Foram ambos agradáveis surpresas que me deixaram logo as expectativas elevadas para o resto da viagem.
Em Sibiu tivemos o prazer (e a maldição) de experimentar Kurtos: um doce que na verdade é Húngaro mas que os Romenos adoram. É um género de massa doce que é cozida sobre brasas e depois polvilhada com canela (scortisoara em romeno) e/ou nozes. Imagens no vídeo no fim.
É provável que ao longo deste post venham a perceber que somos todas doidas por comida e que essa foi uma das melhores partes da viagem (ou uma das actividades à qual dedicamos mais tempo. )
Restaurante Recomendado: Crama Sibiul Vechi – para uma refeição típica romena, num ambiente muito tradicional (o restaurante é dentro de uma adega).
2º Dia – Sighisora & Castelo Bran: O dia do Drácula
Sighishora é provavelmente a mais típica e medieval aldeia (eu chamo a tudo aldeias, peço desculpa se for uma cidade) que visitamos. Ruas estreitas, torres de relógio, igrejas e casinhas coloridas são os ingredientes que fazem desta aldeia um sítio tão especial.
É também o sítio onde Vlad, o Drácula, nasceu.
Bolo Recomendado: Casa Cositorarului
Depois de Sighisoara, era hora de irmos ver o castelo Bran onde o sr. Drácula morou. Ao contrário do Palácio Peles, este tem um estilo muito mais minimalista e frio. Vale a pena visitar por ser sinistro e pelas passagens secretas (a maior parte não é visitável, só visível).
3º Dia – Brasov: O dia em que basicamente só comemos
Como dizia um homem sábio, Brasov tem invernos grátis. Portanto na manhã do terceiro dia acordamos para uma Brasov fria e com uma neve molhada. Mas isso não nos ia travar! Decididas a enfrentar o mau tempo, partimos. Apenas para perceber que era segunda-feira e que tudo o que é cultural fecha às segundas. Não querendo ser derrotadas pela chuva, subimos a torres, demos a volta à cidade, fomos à rua mais estreita da Roménia e quando já estávamos suficientemente molhadas e geladas, decidimos ir comer mais qualquer coisa.
Sugestão de restaurante: Casa Hirscher (Italiano)
E como o tempo não melhorou, fomos comer a sobremesa ao Boutique Cafe Chocolat
E como estava cada vez mais frio, fomos beber cervejas e comer amendoins no: For Sale Pub
Este sítio foi provavelmente um dos mais memoráveis da nossa viagem. O conceito é simples: “bebe cerveja que nos oferecemos tantos amendoins quanto conseguirem comer. Mas como não estamos para limpar a javardice que vão fazer com as cascas, atirem-nas para o chão.”
E como ainda não estávamos satisfeitas, achamos melhor ir beber uns shots e uns cocktails para um bar. E assim se passou o nosso terceiro dia!
4º Dia – Brasov e “let it snow”
Apesar de nos ter desiludido com o tempo terrível do primeiro dia, Brasov decidiu compensar-nos com um dia de neve que tornou a cidade muito mais bonita (e algo natalícia).
Infelizmente, o funicular que vai até ao cimo da montanha não estava a funcionar, por isso não chegamos a ver Brasov do topo. Mas subir até ao letreiro que diz Brasov é uma das paragens obrigatórias quando se visita.
5º,6º,7º Dias – Bucareste
Bucareste é uma cidade confusa a nível arquitetónico mas isso faz parte do seu charme. Ora estamos a olhar para edifícios neo clássicos magníficos, ora estamos no meio de blocos cinzentos ( = arquitectura comunista).
Bucareste é relaxada, cheia de gente jovem e com novos conceitos de comércio. Estes são os sítios que não podem perder:
Mosteiro Stavropoleos | Parlamento (é melhor reservar antes por telefone) | Romanian Athenaeum |Lipscani (Parte antiga) | Carturesti Carusel.
Depois de um dia repleto de actividades, fomos convidadas para ir ao restaurante que foi votado como sendo o melhor de Bucareste em 2014 – O Zexe. Recomendo a 100% a quem não estiver num orçamento apertado. É um festim de comida!
À noite tínhamos o objectivo de ir beber uns copos e dançar mas descobrimos que na Páscoa não há nada NADA aberto em Bucareste, por isso fomos dormir!
Como os outros dias foram mais calmos, deixo aqui os melhores momentos:
O parque Dimitrie Gusti National Village Museum que tem um museu super querido com as casas tradicionais da Roménia. Este parque também tem vários restaurantes e um percurso gigante para ser fazer de bicicleta. É um sítio a visitar se o tempo estiver bom.
Acrescento também o parque Carol e a Strada Xenofonscriitor
Custos
– Comparando com o resto da Europa e mesmo com a Turquia, a Roménia é um país muito barato. Nos restaurantes bons um prato ronda os 5/6 euros (nos muito bons chega aos 10), mas em geral consegue-se comer bem por pouco dinheiro.
– Se tiveres um cartão estudante, leva-o! Porque vai-te poupar muito na entrada dos museus. Eles não são caros em geral mas com o cartão de estudante fica quase tudo a menos de um Euro
Transportes
– Em Bucareste há metro que liga os pontos mais importantes da cidade. Um bilhete de ida e volta são 5 leu e um bilhete diário são 8 leu
– Ter um carro é muito útil para conhecer a Roménia, porque a maioria dos sítios não tem transportes frequentes. No entanto os hostels têm viagens até aos castelos e atrações mais conhecidas.
– O conceito de “boleia” não é estranho na Roménia, é até bastante comum. Contudo é provável que alguns condutores peçam uns trocos pela viagem.
Cultura & Pessoas
Tenho que confessar que fiquei ligeiramente apaixonada pelos romenos. Todos os que conheci foram tão simpáticos e sabiam inglês perfeitamente. Não podíamos ter pedido mais.
A cultura é muito parecida à portuguesa. Adoramos comer, adoramos o nosso país, a nossa família e os nossos amigos, mas temos que emigrar para procurar uma vida melhor. Adoraríamos ficar mas de momento não podemos.
Uma diferença que encontrei foi a paixão pelo exercício físico e pelo ar livre: nada os para. Todo sabem esquiar, mal o sol aparece já estão na rua a correr, a andar de patins ou de bicicleta. Levam os filhos para os parques onde brincam até ficar escuro.
Como já perceberam, o melhor que têm a fazer é marcar o próximo voo para a Roménia!
PS: Única coisa má: não peçam nada com fruta nos cafés e restaurantes, a fruta é de lata!