Ao percorrer as ruas de Praga ficamos com duas certezas absolutas. A primeira é que havia ali arquitectos dos bons. A segunda é que os pintores não lhes ficavam nada atrás. Munida destas duas características que atraem tanto o turista sofisticado como o inglês da festa de despedida de solteiro (o álcool barato também ajuda), Praga tornou-se num destino incontornável no itinerário de capitais europeias.
A primeira vez que calquei as ruas de Praga foi ao sair de um comboio nocturno vindo de Cracóvia, com 18 anos (ó meu deus…) em pleno Interrail. Tinha um roteiro planeado, um mapa na mão com todos os pontos que queria ver marcados e a certeza que não ia sair dali sem ter cumprido os meus objectivos!
Oito anos depois o objectivo da visita era outro e como tal as expectativas também. Sem horários e nem pontos marcados no Google Maps (abençoado avanço tecnologico), durante dois dias vagabundeei pelas ruas de Praga, deixando-me deslumbrar pelo detalhe de uma porta, a cor de um prédio ou uma estátua num telhado.
Não estando já habituada a destinos de turismo de massas tive que esperar pelo meu tempo a sós com Praga. Quando chegámos ao centro, no sábado à tarde, a cidade parecia ter sido engolida pelas multidões. Somente visível entre os ombros de italianos e cabeças de japoneses, lá estava ela, revelando o seu potencial, convidando-me para um encontro a outras horas. It’s a date!
Como não queria chegar atrasada ao meu compromisso, saltei da cama às sete da manhã de Domingo directa para a Charles Bridge. Há poucas coisas mais mágicas do que uma cidade vazia ao nascer do sol.
Pelo caminho cruzei-me talvez com quatro ou cinco pessoas e infinitas oportunidades fotográficas. Sabendo que, como ex-libris de Praga, a Ponte Carlos seria o único ponto onde teria que competir pela sua atenção, decidi que só me renderia às suas curvas e contracurvas mais tarde.
Tal como o sinal da Marilyn ou lábios da Angelina, nada diz “Praga” como a famosa ponte gótica que podia ter sido construída para um cenário de uma peça de teatro de um conto de fadas.
À escassa luz das oito da manhã, a sua aurea mistica acariciava tanto aqueles que regressavam de uma noite copos como fotografos à procura do clique perfeito. E eu? Eu estava pronta para continuar o nosso namoro.
Lentamente e de olhos bem abertos, avancei pelas ruas anónimas que me levariam à Praça Central. Semelhante a Viena e Paris, no centro histórico de Praga nada foi deixado ao acaso. E muito ao jeito italiano, eles conseguiram misturar as cores mais aleatórias e, ainda assim, fazer com que resultasse. É impossível não esvaziar a bateria da máquina fotográfica em poucas horas.
Eventualmente comecei a acordar do feitiço que Praga me tinha lançado, principalmente porque estavam dois graus e o fluxo de sangue já não me chegava às mãos. O nosso momento a sós estava a chegar ao fim.
Nesse mesmo dia voltaria ao centro de Praga para revisitar alguns dos pontos que tinha marcado oito anos atrás e para satisfazer os meus desejos de Kurtos (que na República Checa se chama Trdelnik). Também tenho uma costela de turista, não são só os outros 😉
Quanto a ti Praga, seja o nosso reencontro daqui a seis meses ou oito anos, não te preocupes porque serás sempre mercedora de um lugar privilegiado no meu coração.
Depois de Praga fui a Bratislava em trabalho e apesar de ser uma cidade com um mini centro histórico, tem uns recantos muito amorosos! Aqui fica uma amostra:
Dicas rápidas
A visitar: Reconheço que este post é pouco útil para quem queira saber o que visitar, por isso se quiseres encher o teu Google Maps, aqui vão algumas ideias:
– Old Town Square – Castelo de Praga
– Catedral St Vitus – Golden Lane
– Lennon Wall – Parque Letna
– Torre do Relógio – Charles Bridge
– Gueto Jesuíta
Brunch: A melhor parte de ter amigos que vivem nas cidades que visitas é eles saberem onde está a melhor comida. Mesmo no centro de Praga há um café/restaurante, Venue, que serve refeições leves mega deliciosas (eu estava há umas 18 horas sem comer, mas prometo que era mesmo bom!). Uma boa opção para vegetarianos e quem procura uma alternativa saudável.
Pizza: Localizada em Praga 7, uma zona muito gira por acaso, está uma pizzaria chamada Da Antonio com umas belas pizzas napolitanas.
Uber: Os transportes públicos são super baratos em Praga, mas o Uber também é. Se chegares tarde ou se o teu hostel/hotel não for super central, um Uber custa cerca de 15€ para uma viagem de meia hora. Para apanhares um Uber do Aeroporto certifica-te que estás no Terminal 1 e sais pela saída D ou E. É só seguir em frente até à estrada onde estão as paragens de autocarro e o teu Uber vai-te encontrar no ponto 8 (em 2020). Quem está no Terminal 2 tem que subir para o andar superior do aeroporto.
Trdelnik: O centro de Praga está tão cheio de casas que vendem Trdelnik como o de Lisboa com pastéis de nata. E apesar de recomendar que experimentes (não achei tão bons como os Kurtos da Roménia) eles fartaram-se de inventar e vendem Trdelnik com gelado lá dentro. E o que é que acontece quando se enfia gelado num cilindro? O gelado derrete e suja tudo! Por isso não caias nessa e vai pelo mais tradicional e barato.
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