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Espanha,  Europa

Lisboa a Milão en autobus: Seis dias, Quatre Villes (1/2)

Gastar 200€ num voo, só de ida, Lisboa-Milão parece-me criminoso. Afinal, com sorte, isso é o preço de ida e volta para Istambul! Vai daí, comecei a pensar em alternativas para voltar a Milão depois das férias de Natal e foi assim que surgiu a brilhante ideia (que alguns apelidaram de loucura) “Posso ir de autocarro!”.

Ok, eu reconheço que assim a seco pareça um bocado insano fazer 2133 km de autocarro, mas a minha ideia era ir parando em cidades que ficassem pelo caminho e visitá-las durante um dia. E foi assim, olhando para o mapa e para as possíveis ligações Flixbus, que desenhei um plano. Durante 6 dias ia passar por: Salamanca, Bilbao, Nîmes e Avignon.

Em Portugal o nome Flixbus ainda é algo incógnito, mas na Europa Central vêem-se por todo o lado estes autocarros grandes, verde-fluorescentes. A Flixbus tem a sua própria versão do conceito “passe Interrail” que se traduz num passe de 5 viagens por 99€, fazendo com que cada viagem que faças fique a 20€. Este passe foi toda a motivação que precisava na minha vida para fazer com que esta viagem acontecesse!

Entretanto, como Mudanças à última hora é que a gente gosta, um dia antes de partir descobri que um amigo meu que já não via há mais de um ano estava a viver em Madrid e Salamanca acabou por ser trocada pela capital de Espanha.

Quem és tu Madrid?

Cheguei a Madrid já de noite e por isso não fizemos muito mais do que ir comer uma Morcilla e umas Empanadas regadas de cerveja numa tasca e conversar sobre a vida. No dia seguinte tinha algumas horas para explorar o centro e depois de largar os meus monstrinhos (leia-se malas) nos cacifos da estação os meus pés estavam prontos para a acção.

Espírito Natalício: Spot on!

O status da minha relação com Madrid é “complicado”. Três vezes lá fui e três vezes não me aqueceu nem arrefeceu. Não me interpretem mal: tem bons museus, uma arquitectura interessante, praças fixes e o jardim que eu queria que Milão tivesse. Mas não consigo ver mais para além disso. A única dica que posso dar é subir ao terraço do “Circulo de Bellas Artes” para ver a cidade do topo, em particular, a Gran Via. Custo: 4€

El Retiro

A viagem de comboio até Bilbao passou num instante, principalmente porque decidiram dar o filme Cars, que eu nunca tinha visto. Filmes da Pixar animam qualquer viagem!

Stranger Bilbao

Ir a Bilbao foi um dos propulsores desta viagem. Desde que um amigo de família nos deu um íman com a imagem do Guggenheim de Bilbao, que está no nosso frigorífico, sabia que tinha que lá ir.

Acordei cedo para um pequeno-almoço de hostel bem rasca (aquele pão bimbo com margarina) e pus-me a andar. Às 9 e pouco da manhã ainda mal se via vivalma em Bilbao e como tal tinha o exterior do Guggenheim quase só para mim. É espectacular. Parece que a cada passo há um novo detalhe, uma nova curva que ainda não tinhas visto. A aranha (Maman) é um marco e parece directamente saída da série Stranger Things!

Lá dentro, a parte mais impressionante do museu são as esculturas de Richard Serra, de uma dimensão tal que te vão fazer sentir uma formiguinha. O resto do museu tem algumas obras interessantes de arte contemporânea como o Volkswagen Beetle desconstruído.

Durante o resto do dia fui a Casco Viejo (a zona mais antiga e tradicional de Bilbao), ao Mercado da Ribeira (sim, eles também têm um). Passei pela Catedral de Bilbao, o Palácio de Yohn, pela Gran Via e ainda encontrei uma exposição gratuita na Biblioteca Azkuna Zentroa.

Casco Viejo

Mercado da Ribeira


A melhor vista sobre a cidade é no topo do Funicular de Artxanda, mas eu passei essa parte por achar que Bilbao é mais bonita de baixo para cima do que de cima para baixo. O estádio de San Mamés é um bom exemplo de como é possível fazerem-se estádios de futebol bonitos. Ouviram Benfica e Sporting?!

Estádio San Mamede

Já mais tarde estava na altura de embarcar na minha viagem nocturna até Nîmes. O autocarro, ao contrário do que é normal, estava atrasado, mas assim que chegou percebi o motivo: era um autocarro português! Acho que em 55 pessoas havia umas 5 que não eram emigrantes portugueses e por isso a viagem fez-se ao som de pimba, fado e até kuduro! Com mais pausas para café e xixi do que qualquer ser humano precisa, lá chegámos a Nîmes com duas horas de atraso, o que até calhou bem porque chegar às 7 da manhã não ia dar jeitinho nenhum!

A aventura continua em França, neste post!

Alfacinha germinada e cultivada num cantinho à beira mar plantado, a Inês tem uma certa inquietação que não a deixa ficar muito tempo tempo no mesmo sítio. Fez Erasmus em Paris, trabalhou em Istambul e em Portugal, fez um mestrado em Creative Advertising em Milão e agora trabalha no Reino Unido. Viajar, criatividade, cozinhar, dançar e ler são algumas das suas paixões. A combinação de algumas delas deu origem a este blog, o Mudanças Constantes. Bem-vindos!

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