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Sri Lanka

De Tangalle a Galle: O sul do Sri Lanka numa lambreta

Aguardava ansiosamente pelas minhas duas últimas semanas no Sri Lanka que iam ser passadas a andar de praia em praia, mergulho em mergulho e cocktail em cocktail. O plano era simples: passar por Tangalle, Mirissa, Galle e terrinhas pelo meio e escolher o sítio que mais gostasse para ficar uma semana inteira de papo para o ar.

A melhor forma de passear pelo Sul do Sri Lanka é de mota. O custo de aluguer é baixo e tens toda a liberdade do mundo para escolher a praia que quiseres à hora que quiseres. A nossa rota foi esta:

Tangalle: Templos, praias selvagens e marés vivas

Chegámos a Tangalle completamente exaustos depois de uma viagem de 4 horas desde Udalawale. Ao sair do autocarro sobrelotado, ainda meio zonza por causa do calor, vejo vários condutores de tuk tuk a aproximarem-me e só digo ao Jimmy que temos que sair dali antes de sermos “atacados”. Um dos condutores foi mais persistente e, na verdade, útil e arranjou-nos um amigo que alugava motas, que era mesmo o que nós queríamos. Por 7€/dia tínhamos a nossa lambreta e estávamos prontos para um duche, descansar e explorar praias!

Amanwella Beach

Começámos pela mais perto, uma praia deserta com dois resorts de luxo aos quais claramente não pertencíamos. As ondas estavam demasiado grandes para nos atrevermos a mergulhar, mas mesmo assim foi uma das praias mais bonitas que vi no Sri Lanka.

Goyambokka

Todos os paraísos têm os seus infernos. Goyambokka é uma das praias mais famosas do Sri Lanka e bem pode sê-lo. À primeira vista é perfeita: palmeiras, espreguiçadeiras, bares e restaurantes com boa comida e uma baía simpática para nadar.

O que ninguém te diz é que em Agosto a praia devia estar interdita a banhistas por causa das correntes! Neste dia algumas crianças brincavam na parte mais perto da costa e nós decidimos ir para a água sem qualquer preocupação. Em dois minutos estávamos fora de pé e quando tentámos voltar para a praia reparámos que era impossível por causa da corrente. Ambos nadamos bastante bem, mas lutar contra uma corrente é completamente esgotante. Depois de uns 5 minutos a tentar perceber se conseguíamos sair dali e a levar com a rebentação das ondas em cima, estava na altura de pedir ajuda.

Ora, no Sri Lanka nadadores-salvadores nem vê-los está claro, mas o que vale é que há barmans habituados a estas andanças e lá veio um com uma prancha de bodyboard roubada a um miúdo para nos salvar. Infelizmente o salvamento não foi minimamente épico já que foi só meter-me na prancha e ser levada até uma zona com pé. Conselho para nadares numa praia do Sul do Sri Lanka em Agosto? Leva uma prancha ranhosa contigo! É melhor do que a porta do armário do Titanic!

O melhor de tudo foi o gajo do salvamento a dizer ao Jimmy “Ontem salvei uma pessoa que me agradeceu com dinheiro por lhe ter salvo a vida…”. O que até deve ser verdade porque durante as duas horas seguintes em que lá estivemos 3 outras pessoas tiveram que ser salvas. Há que facturar!

Sobrevivi!

Hiriketiya Beach

Depois de vermos a morte em Goyambokka decidimos ir até Hiriketiya, supostamente a praia mais segura da região. Quando chegámos estava uma pessoa a afogar-se e um surfista a ir resgatá-lo… Ficámos logo com uma boa impressão!!

A lição é: Praias no Sul e Oeste do Sri Lanka em Agosto são potencialmente mortais. Tem cuidado!

Mulkirigala Temple

Depois de um dia de praia traumático decidimos que o melhor mesmo era visitarmos outros sítios. Recomendaram-nos o Mulkirigala Rock Temple a 20km de Tangalle. Acho que estávamos com vontade de continuar a sofrer, porque este templo, tal como o de Dambulla, é sempre, SEMPRE a subir.

Podes encontrar vários templos diferentes, alguns com imagens muito estranhas (parecem anjos) e muitos budas como sempre. No topo de todas aquelas escadarias está um senhor a abençoar pessoas. Como em troca de umas pulseiras não me importo de ser abençoada, lá fui!

#blessed

Melhor restaurante: Mango Shade! Lassis e choquinhos maravilhosos.

Mirissa: A festa é aqui!

O Sri Lanka não é particularmente conhecido pelas suas festas, bares ou discotecas, mas Mirissa consegue destacar-se como o melhor sítio do país para beber cocktails baratos à beira mar e dançar a noite toda.

A praia não é das minhas preferidas, mas há outras coisas que podes fazer. De Novembro a Março é o lugar ideal para observar baleias e podes sempre passar a vida na Dewmini Roti Shop a comer todo o tipo de Roti e até ter uma aula de cozinha para aprender a fazer Rice&Curry!

Melhor happy hour: Central Coffee, um bar no meio da praia.

Melhor bebida: Frozen Margarita de Framboesa <3 no Kama. Dá para dividir. Também tem boas festas até meterem música para os alemães.

A tal <3

Melhores hambúrgueres: Hangover Hostel

Weligama: encontrei o sítio perfeito!

A poucos quilómetros de Mirissa encontra-se este pequeno paraíso desconhecido chamado Weligama. Mal vi a praia sabia que era ali que queria passar os meus últimos dias no Sri Lanka. Um areal interminável, praia plana, algumas ondas, água morna e espreguiçadeiras grátis nas escolas de surf.

Para além disso encontrei O hostel, o Hangtime. A cerca de 10 metros da água e com camas de rede na varanda, aqui encontras aulas de yoga, pranchas para alugar e, no rooftop, um restaurante com comida maravilhosa (infelizmente a preços quase europeus). Como fui em época baixa consegui um pack com alojamento para 6 noites + aulas de yoga + pequenos-almoços incluídos por um preço bastante simpático.

Acabei por me meter em aulas de surf para não ser só uma lontra em estado vegetal. Fiz todas as aulas com a Freedom Surf School que é mesmo em frente ao hostel. Os professores são todos muito boa onda e é normal que sejam os teus melhores amigos durante o tempo em que lá estás. Prepara o teu fígado porque eles bebem uma quantidade considerável de Arrack por dia! Ao fim de uma semana de aulas já conseguia apanhar ondas sozinha, por isso acho que posso recomendá-los a 100% 😉

Se eles se apaixonarem todos por ti (se fores rapariga) não é estranho, é só típico.

E foi este o lugar que mais me marcou na minha viagem ao Sri Lanka. Foi aqui que criei uma rotina, comprei fruta dos mercados, que me senti em casa e onde fiz feridas que me marcaram as pernas durante meses (isto de surf sem wet suit tem muito que se lhe diga…). Se procuras um sítio para não fazer nada sem te aborreceres, Weligama é o lugar!

Melhores restaurantes: Ao lado deste hostel está um restaurante super barato e comida óptima, podes ir todos os dias!  Para comer Rice & Curry o mais famosos é o Meewitha Cool Spot. Fish Point para marisco e peixe fresco.

Kogalla e os pescadores

Uma pesquisa rápida por imagens do Sri Lanka no Google mostra várias fotos dos Stilt Fishermen. É uma prática que começou durante a Segunda Guerra Mundial devido à sobrelotação da maioria dos locais de pesca e que dura até hoje, maioritariamente para propósitos turísticos. Com uma fotografia estes pescadores ganham mais dinheiro que num dia inteiro a pescar. Nós acabámos por só visitar uma praia e tirar fotos às estacas que são fáceis de encontrar na estrada entre Weligama e Unawatuna.

Unawatuna: Não percebo o hype…

Quando andava à procura de sítios para ficar, muita gente falava nas maravilhas de Unawatuna. Eu passei por lá muito rapidamente, mas pareceu-me ser um sítio muito confuso, cheio de trânsito e turistas. Talvez haja algumas praias mais escondidas por ali, mas não me parece um sítio que mereça mais do que uma paragem rápida.

Galle: Com um forte português, esta só podia ser a cidade mais bonita do Sri Lanka

O Forte de Galle e a sua pequena aldeia são o sítio mais pituresco do Sri Lanka. Construído no século XVI pelos Portugueses e fortificado depois pelos Holandeses, este forte mantem-se até aos dias de hoje e é Património da UNESCO. Passear pelas estreitas ruas com casas todas pintadas de branco fez-me lembrar as aldeias algarvias!

Estas foram as últimas semanas dos meus 6 meses de viagem. Depois fiz a viagem de Weligama até Colombo de comboio que é lindíssima, sempre pela costa Oeste.

Dicas rápidas

Transporte: De Udawalawe a Tangalle há um autocarro directo uma vez por dia. De Tangalle a Mirissa tens que apanhar um autocarro até Matara e depois trocar ou um para Galle que faz o percurso directo.

Praias: Antes de partires e escolheres os teus destinos informa-te sobre o clima e estado do mar na altura em que pretendes viajar. O Sul e Oeste do Sri Lanka têm melhor tempo de Novembro a Maio enquanto que o Este (Trincomalee, por exemplo) é melhor nos nossos meses de Verão.

Alojamento: Marquei sempre tudo pelo Booking. No Sri Lanka parece ser o site que agrega mais opções. Todos os pequenos B&B estão lá. Se quiseres ganhar 15€ depois da estadia na tua conta usa este link para fazer a marcação.

Alfacinha germinada e cultivada num cantinho à beira mar plantado, a Inês tem uma certa inquietação que não a deixa ficar muito tempo tempo no mesmo sítio. Fez Erasmus em Paris, trabalhou em Istambul e em Portugal, fez um mestrado em Creative Advertising em Milão e agora trabalha no Reino Unido. Viajar, criatividade, cozinhar, dançar e ler são algumas das suas paixões. A combinação de algumas delas deu origem a este blog, o Mudanças Constantes. Bem-vindos!

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