Líbano

Byblos, Baalbek e Tyre: Nas pegadas da história

Temos que admitir que os nossos antepassados eram gente esforçada; já ninguém faz maravilhas destas!

O Líbano pode ser oito vezes mais pequeno que Portugal, mas se há coisa da qual se pode gabar é de ter mais relevância história por metro quadrado do que, provavelmente, qualquer outro país do mundo.

Uma ruína por dia foi mais ou menos o mote da nossa viagem, mas foi em Byblos e Baalbek que o meu coração deu pulinhos de contente.

Byblos (Jbeil): o que é que NÃO aconteceu aqui?!

Byblos foi construída há cerca de oito mil anos e tem sido continuamente habitada durante os últimos cinco mil, tornando-a numa das cidades mais antigas do mundo. Pedra sobre pedra, as suas ruas milenares desdobram-se em curvas e contracurvas nos pequenos, mas deliciosos antigos souks.

Como em todo o médio oriente, estes bazares são uma mistura entre a tradição e o turismo, mas em Byblos sente-se uma calma estranha: os vendedores não gritam ou gesticulam pela nossa atenção. Desta vez não tive que ir ver 30 carpetes enquanto me serviam 10 copos de chá.

Se há coisa que me surpreendeu no Líbano, e que irei repetir em todos os posts, é que tudo é mais bonito do que aparenta. No caso de Byblos, não estava particularmente interessada nas ruínas ou castelo, mas uma vez lá dentro é impossível ficar indiferente.

Para além da sua posição privilegiada, mesmo junto ao mar, as ruínas do castelo têm muitas histórias para contar, incluindo a história de como nasceu o primeiro alfabeto.

Fora do complexo das ruínas, não podes perder a Saint John Church, o Porto de pesca, de onde saíram barcos Fenícios com vinho e madeira de cedro para o Egipto e uma rua absolutamente adorável cheia de restaurantes catitas e decorada com buganvílias.

Baalbek: O Deus do vinho é claramente o melhor Deus

Os fenícios só podiam estar bêbados quando decidiram construir Baalbek.

Quando lá chegamos, depois de duas horas a conduzir por montanhas onde, perdoem-me a expressão, não se via a ponta dum corno por causa das nuvens, fomos recebidos pelo guia mais entusiasta da história. Entre saltos, gritos e onomatopeias, lá nos foi conduzindo pelos milhares de anos de história, peregrinações e sacrifícios.

A parte mais impressionante de Baalbek é a grandeza dos seus monumentos, que é ainda uma incógnita para os historiadores, que só podem teorizar sobre como é que foi possível construir algo desta magnitude sem tecnologia.

O Templo de Baco, posteriormente construído pelos romanos, é considerado o templo Romano mais bonito e bem decorado do mundo e um dos mais bem preservados.

O Beqaa Valley, onde fica Baalbek, também é muito famoso no Líbano pelo seu vinho. Já que estávamos por ali aproveitámos para ir ver as caves da Ksara e provar os vinhos, claro! Para ser sincera o Branco era decente, mas os outros eram muito fraquinhos, mas sempre deu para conhecer uns tugas – claro que tinham que estar nos vinhos!

Tyre: só mais umas, só mais umas!

Prometo que estas são as últimas ruínas do dia. Tyre, também conhecida como Sour, fica no sul do Líbano já muito perto da fronteira com Israel. Mais uma vez, aqui é o passado que importa. Tyre foi uma cidade portuária extremamente importante na altura dos fenícios e durante o período Romano com colónias em Cadiz e Cartaghe.

Hoje, apesar da zona do porto e da praia serem muito famosas como destino de verão dos Libaneses, ao conduzir até às ruinas vimos o lado mais duro do Líbano.

A pobreza e o conservadorismo eram evidentes. Também pela proximidade com Israel, via-se ainda mais militares e checkpoints do que o normal, bandeiras do Hezbollah (tal como em Baalbek) e bandeiras da palestina. Um ambiente mais pesado, portanto.

Nas ruínas de Tyre a parte mais interessante é um Hipódromo romano com capacidade para 20000 espectadores. Já no porto, fomos ao meu restaurante preferido de toda a viagem, o Tony! Peixe fresco, bom meze e preços decentes.

Alfacinha germinada e cultivada num cantinho à beira mar plantado, a Inês tem uma certa inquietação que não a deixa ficar muito tempo tempo no mesmo sítio. Fez Erasmus em Paris, trabalhou em Istambul e em Portugal, fez um mestrado em Creative Advertising em Milão e agora trabalha no Reino Unido. Viajar, criatividade, cozinhar, dançar e ler são algumas das suas paixões. A combinação de algumas delas deu origem a este blog, o Mudanças Constantes. Bem-vindos!

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